TEMPLO E CORPO

02/05/2012 01:27

Se nos reportamos às origens do cristianismo, podemos lembrar que uma grande polêmica se estabeleceu em torno da relativização do Templo, feita por Jesus Cristo. O Templo constituía o símbolo do sagrado. Jesus, ao proclamar a importância do corpo, relegou a primazia do Templo e, por isto mesmo, acabou atingido na sua vulnerabilidade corpórea: uma morte humilhante.
O conceito sacralizado do templo fez com que, em nome de Deus, fosse tramada a morte de quem mais queria a vida e um projeto humano a favor da vida. O que mais pesou para a execução de Jesus Cristo foi o sentimento ferido que partiu de dentro do Templo, lugar considerado como o da moradia de Deus.
Algo similar a este episódio já se repetiu inúmeras vezes ao longo da história. De instâncias consideradas especiais da parte de Deus, desrespeitou-se o corpo humano e, a partir das “luzes” oriundas dos templos, massacraram-se templos corpóreos.
A experiência das comunidades cristãs primitivas, que procurou orientar-se no modo de ser como Jesus lidou com as pessoas, procurou sacralizar o corpo humano, como espaço das fragilidades humanas, mas também, como lugar eminente da manifestação de Deus e de irradiação das interpelações de Deus. A dimensão sagrada do corpo, todavia, não foi suficiente para que dos espaços de templos de grande aparato arquitetônico fossem profanadores de sagrados templos corpóreos. A história da Igreja católica ofereceu tristes ilustrações de abusos de poder, exercidos no interior de Templos e em nome de Deus. Por isto, ainda em nossos dias, parece ser mais fácil construir uma edificação pomposa do que elevar algumas milésimas instâncias o respeito e a dignidade aos seres humanos.

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