O Sagrado e o profano
02/05/2012 01:02
As experiências hierofânicas, ou do sagrado, levam ao estabelecimento de uma polarização entre sagrado e profano. É uma forma de dividir o mundo e as coisas, situando-os em áreas ou campos distintos.
Em 1917, um livro de Rudolph Otto provocou grandes repercussões ao oferecer um novo enfoque sobre o significado da religião. Em vez de preocupar-se com as idéias sobre Deus e sobre a religião, Rudolph Otto se preocupou pelo entendimento do modo como as pessoas experimentam Deus e a Religião, ou seja, estudou as modalidades de experiência religiosa. Até então, muitos escritores, especialmente teólogos, haviam escrito idéias sobre experiências e deduções relativas a Deus. As conseqüências práticas que resultaram destas idéias poderiam, no entanto, estar absolutamente distantes de Deus. Otto procurou entender como alguém experimenta o “Deus vivo”, o que é algo muito diferente, mas também muito significativo para nosso estudo de Antropologia Teológica.
Uma importante constatação de Otto foi perceber que a experiência do sagrado não é algo racional. Uma experiência do sagrado normalmente envolve dois sentimentos muito estranhos: pavor e encantamento ante a experiência numinosa, ou seja, experimentamos, ao mesmo tempo, uma grande força de atração para Deus e, simultaneamente, medo e repulsa. Este temor e pavor revelam-se como “mysterium fascinans” (experiência de algo que atrai e apavora ao mesmo tempo). Experimenta-se o sagrado como o “totalmente outro” e a linguagem humana é incapaz de expressar adequadamente como se experimenta este “totalmente outro”.
O sagrado, segundo Rudolph Otto, é o fundamento das religiões. É o princípio vivo que envolve três modalidades de manifestação:
a) O numinoso, algo marcante que nos leva ao “mysterium fascinans”;
b) O santo, valor numinoso que se opõe ao que é profano.
c) O sacro, categoria do espírito que leva a descobrir o numinoso.
O sagrado é sempre reconhecido como potência de uma ordem muito diversa da ordem das forças que existem na natureza. Por isto a manifestação do sagrado é uma hierofania.
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