CAOS E O COSMOS

02/05/2012 01:18

A imagem de sagrado e profano também perpassa outra contraposição: a de caos e cosmos. Era idéia comum dos povos antigos separar o espaço habitado como sendo o mundo, ou o cosmos, e, o resto, como mundo desconhecido, como caos (fonte de medos, de espectros e de demônios). Podemos perceber que esta não é apenas uma questão de povos antigos. Em nossos dias, ainda prossegue muito distinta esta separação entre caos e cosmos. Até mesmo as nossas cidades apresentam espaços de cosmos (áreas nobres, estéticas, belas e ornamentadas, como certas praças...) e outros lugares tidos como caos (brejos, lixões, espaços ermos), onde não só aparecem ratos, maus elementos, mas também maus espíritos para a experiência de muitos habitantes.
Segundo Mircea Eliade, “o sagrado funda o mundo, lugar onde o sagrado se manifestou, e por isto está na ordem cósmica”.9 Na contrapartida, lidamos de forma bem distinta com os espaços territoriais não conhecidos. Queremos, ali, desfazer o caos e desbravar estas áreas para que se transformem em cosmos, ou seja, em lugares do nosso mundo sagrado. Normalmente os pioneiros de uma cidade ou de uma região costumam sentir-se numa tarefa divina que é a de desbravar para criar um cosmos (seu mundo) neste lugar ou região que era tida como caos (outro mundo). Até mesmo as pessoas de uma região, quando vão para outra, costumam cultivar este sentimento. Dali decorre a facilidade de discriminar e fazer sair daquele espaço, em nome da ordem e do cosmos, os que ali residiam.

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